Agenda 21 Escolar EAFS
Realização da Escola Antônio Francisco da Silva
APRESENTAÇÃO
A escola, o âmbito
onde os indivíduos aprendem, se conhecem, analisa e estabelece as suas primeiras
relações pessoais, é um espaço privilegiado para implementar ações como, por
exemplo, a construção de uma Agenda 21. Partimos do pressuposto de que parte
significativa do processo de formação do indivíduo acontece na escola.
Entretanto, a educação é ampla e abrange também os processos formativos que se
desenvolvem na vida em sociedade: família, trabalho, movimentos sociais, e nas
manifestações culturais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional deixa claro que a educação escolar se deve vincular às práticas sociais, ao mundo do trabalho, de se integrar com as famílias e as comunidades, proporcionando a prática da cidadania na gestão democrática da escola e a difusão destes e outros valores de interesse social. É aí que a metodologia proporcionada pela Agenda 21, aglutina convicções e conhecimentos do contexto social e científico. O poder transformador e a amplitude da educação fazem com que ela seja um instrumento imprescindível para a mudança do atual modelo de desenvolvimento predatório, individualista e mercantilista para outro que promova a harmonia, a sociabilidade e o equilíbrio nas interações entre os seres humanos e destes para com o meio ambiente, resultando assim na formulação do desenvolvimento sustentável.
No Brasil, existem várias iniciativas de Agenda 21 Escolar. O Governo Federal por meio do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (MEC/MMA) e da Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA/MEC) executa o programa “Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas”, (direcionado da 5ª até a 8ª série), que tem como uma de suas ações estruturantes a criação de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA), cujo principal objetivo é a construção da Agenda 21 Escolar, fortalecendo assim a educação para a sustentabilidade. Nesse sentido, em 2004, foi publicada a cartilha “Formando COM-VIDA, Construindo Agenda 21 na Escola” numa elaboração conjunta da CGEA/MEC e do Programa Agenda 21/MMA. De acordo com a CGEA existem 4.147 Comissões em escolas públicas brasileiras.
Na Agenda 21 Brasileira, a educação aparece permeando todos os temas do conhecimento e é priorizada no Objetivo 6 (Educação permanente para o trabalho e a vida) onde são apontadas ações e recomendações para fortalecer o trabalho da escola e o acesso à mesma. Dentre estas ações, é proposta a construção da Agenda 21 Escolar para o enfrentamento dos múltiplos problemas de cada unidade educacional na sua comunidade, concentrando a energia coletiva em favor de mudanças que melhorem as condições de trabalho, de ensino e a qualidade de vida da escola e do bairro que a abriga. A Agenda 21 Brasileira tem por referência conceitual a Carta da Terra que é abordada no Objetivo 21 (Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade). Esta Carta é um instrumento educacional de sensibilização para se construir e consolidar uma sociedade sustentável e seu objetivo é inspirar à humanidade em seus códigos de conduta. Sendo assim, na sua construção, a Agenda 21 Escolar deve se inspirar e adotar os princípios da Carta da Terra.
Dentre as experiências nacionais, podemos citar a da Escola Municipal Antônio de Brito Alves inaugurada em 1999, localizada na região metropolitana de Recife. Atualmente, esta escola possui 147 alunos e sua COM-VIDA – criada em 2013 – iniciou a construção da Agenda 21 Escolar, incluída no Projeto Político Pedagógico como um “Plano de Ação de Desenvolvimento Escolar” com o objetivo acompanhar as ações de educação ambiental e identificar as potencialidades e os problemas da instituição.
Assim, esta ação propõe harmonizar as interações entre a comunidade escolar e o meio em que vive, integrando alunos, pais, professores e funcionários em atividades em prol do bem comum.
Uma outra experiência de Agenda 21 acontece na Escola Balão Vermelho, de educação infantil e ensino fundamental, situada em Belo Horizonte. Fundada há 35 anos, desenvolve a educação ambiental em seu currículo de forma transversal, visando a aplicação dessa prática não só entre os muros, mas no dia-a-dia de todos os que a freqüentavam. Em 2013, foi apresentada aos professores, funcionários e equipe pedagógica, a proposta – aprovada por todos – de se construir a Agenda 21 do Bioma Caatinga. A primeira etapa desta foi de sensibilizar a comunidade escolar e as famílias dos alunos com várias atividades, como visitas a aterros sanitários, trabalhos temáticos em sala de aula, tendo como meta fazer com que todos conhecessem o que é Agenda 21, seus princípios e conceitos. A sensibilização para a Agenda tem seu momento mais forte nas reuniões, realizadas mensalmentecom pais e a comunidade escolar, ali se expõem os trabalhos das turmas. Para cada ano é escolhido um tema; no primeiro foi a própria Agenda 21. Este projeto conta com o apoio de parcerias locais do poder público (Prefeitura de São Gabriel, Secretarias Municipal Educação e de Meio Ambiente) e comunidade de Aprendizagem. Estas parcerias são importantes, pois possibilitam à escola desenvolver ações concretas de impacto positivo na comunidade local e aos parceiros a divulgação e fortalecimento dos seus trabalhos junto à população.
Uma experiência estadual, no Paraná, aglutinou cerca de 900 escolas estaduais e municipais que iniciaram em 2004 o projeto “Construindo a Agenda 21 Escolar”, conduzido pela Secretaria Estadual de Educação. Este processo está promovendo a integração de seus participantes, não só para elaboração de um documento, mas no desenvolvimento de ações que estejam de acordo com a realidade local, atendendo às expectativas, condizentes com os encaminhamentos pedagógicos da escola, no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida. A proposta Agenda se iniciou com uma formação de professores e alunos em eventos presenciais e à distância. A metodologia de trabalho foi estabelecida por consenso entre representantes das escolas, alunos, coletividades existentes em sua área de influência, poder público, ONGs, voluntários, técnicos e movimentos sociais. Inicialmente, as escolas realizaram um diagnóstico participativo para o levantamento das potencialidades e problemas existentes na área de atuação da Agenda 21 Escolar. A partir dele, foram apresentadas soluções favorecendo ações integradas, na forma de um “Plano de Ação” incorporado ao Projeto Político-Pedagógico da Escola.
O envolvimento do poder público foi realizado através de negociações e têm como objetivo integrar e articular soluções para problemas que estejam dentro da sua governabilidade. Da mesma forma aconteceu a mobilização dos setores da sociedade visando efetivar parcerias para auxiliar na concretização das ações da Agenda 21 Escolar. A meta da Secretaria de Educação para 2013 é que cada escola programe seu Plano de Ação a ser elaborados coletivamente, pelos atores sociais presentes na escola e seu entorno.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional deixa claro que a educação escolar se deve vincular às práticas sociais, ao mundo do trabalho, de se integrar com as famílias e as comunidades, proporcionando a prática da cidadania na gestão democrática da escola e a difusão destes e outros valores de interesse social. É aí que a metodologia proporcionada pela Agenda 21, aglutina convicções e conhecimentos do contexto social e científico. O poder transformador e a amplitude da educação fazem com que ela seja um instrumento imprescindível para a mudança do atual modelo de desenvolvimento predatório, individualista e mercantilista para outro que promova a harmonia, a sociabilidade e o equilíbrio nas interações entre os seres humanos e destes para com o meio ambiente, resultando assim na formulação do desenvolvimento sustentável.
No Brasil, existem várias iniciativas de Agenda 21 Escolar. O Governo Federal por meio do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (MEC/MMA) e da Coordenação Geral de Educação Ambiental (CGEA/MEC) executa o programa “Vamos Cuidar do Brasil com as Escolas”, (direcionado da 5ª até a 8ª série), que tem como uma de suas ações estruturantes a criação de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA), cujo principal objetivo é a construção da Agenda 21 Escolar, fortalecendo assim a educação para a sustentabilidade. Nesse sentido, em 2004, foi publicada a cartilha “Formando COM-VIDA, Construindo Agenda 21 na Escola” numa elaboração conjunta da CGEA/MEC e do Programa Agenda 21/MMA. De acordo com a CGEA existem 4.147 Comissões em escolas públicas brasileiras.
Na Agenda 21 Brasileira, a educação aparece permeando todos os temas do conhecimento e é priorizada no Objetivo 6 (Educação permanente para o trabalho e a vida) onde são apontadas ações e recomendações para fortalecer o trabalho da escola e o acesso à mesma. Dentre estas ações, é proposta a construção da Agenda 21 Escolar para o enfrentamento dos múltiplos problemas de cada unidade educacional na sua comunidade, concentrando a energia coletiva em favor de mudanças que melhorem as condições de trabalho, de ensino e a qualidade de vida da escola e do bairro que a abriga. A Agenda 21 Brasileira tem por referência conceitual a Carta da Terra que é abordada no Objetivo 21 (Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade). Esta Carta é um instrumento educacional de sensibilização para se construir e consolidar uma sociedade sustentável e seu objetivo é inspirar à humanidade em seus códigos de conduta. Sendo assim, na sua construção, a Agenda 21 Escolar deve se inspirar e adotar os princípios da Carta da Terra.
Dentre as experiências nacionais, podemos citar a da Escola Municipal Antônio de Brito Alves inaugurada em 1999, localizada na região metropolitana de Recife. Atualmente, esta escola possui 147 alunos e sua COM-VIDA – criada em 2013 – iniciou a construção da Agenda 21 Escolar, incluída no Projeto Político Pedagógico como um “Plano de Ação de Desenvolvimento Escolar” com o objetivo acompanhar as ações de educação ambiental e identificar as potencialidades e os problemas da instituição.
Assim, esta ação propõe harmonizar as interações entre a comunidade escolar e o meio em que vive, integrando alunos, pais, professores e funcionários em atividades em prol do bem comum.
Uma outra experiência de Agenda 21 acontece na Escola Balão Vermelho, de educação infantil e ensino fundamental, situada em Belo Horizonte. Fundada há 35 anos, desenvolve a educação ambiental em seu currículo de forma transversal, visando a aplicação dessa prática não só entre os muros, mas no dia-a-dia de todos os que a freqüentavam. Em 2013, foi apresentada aos professores, funcionários e equipe pedagógica, a proposta – aprovada por todos – de se construir a Agenda 21 do Bioma Caatinga. A primeira etapa desta foi de sensibilizar a comunidade escolar e as famílias dos alunos com várias atividades, como visitas a aterros sanitários, trabalhos temáticos em sala de aula, tendo como meta fazer com que todos conhecessem o que é Agenda 21, seus princípios e conceitos. A sensibilização para a Agenda tem seu momento mais forte nas reuniões, realizadas mensalmentecom pais e a comunidade escolar, ali se expõem os trabalhos das turmas. Para cada ano é escolhido um tema; no primeiro foi a própria Agenda 21. Este projeto conta com o apoio de parcerias locais do poder público (Prefeitura de São Gabriel, Secretarias Municipal Educação e de Meio Ambiente) e comunidade de Aprendizagem. Estas parcerias são importantes, pois possibilitam à escola desenvolver ações concretas de impacto positivo na comunidade local e aos parceiros a divulgação e fortalecimento dos seus trabalhos junto à população.
Uma experiência estadual, no Paraná, aglutinou cerca de 900 escolas estaduais e municipais que iniciaram em 2004 o projeto “Construindo a Agenda 21 Escolar”, conduzido pela Secretaria Estadual de Educação. Este processo está promovendo a integração de seus participantes, não só para elaboração de um documento, mas no desenvolvimento de ações que estejam de acordo com a realidade local, atendendo às expectativas, condizentes com os encaminhamentos pedagógicos da escola, no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida. A proposta Agenda se iniciou com uma formação de professores e alunos em eventos presenciais e à distância. A metodologia de trabalho foi estabelecida por consenso entre representantes das escolas, alunos, coletividades existentes em sua área de influência, poder público, ONGs, voluntários, técnicos e movimentos sociais. Inicialmente, as escolas realizaram um diagnóstico participativo para o levantamento das potencialidades e problemas existentes na área de atuação da Agenda 21 Escolar. A partir dele, foram apresentadas soluções favorecendo ações integradas, na forma de um “Plano de Ação” incorporado ao Projeto Político-Pedagógico da Escola.
O envolvimento do poder público foi realizado através de negociações e têm como objetivo integrar e articular soluções para problemas que estejam dentro da sua governabilidade. Da mesma forma aconteceu a mobilização dos setores da sociedade visando efetivar parcerias para auxiliar na concretização das ações da Agenda 21 Escolar. A meta da Secretaria de Educação para 2013 é que cada escola programe seu Plano de Ação a ser elaborados coletivamente, pelos atores sociais presentes na escola e seu entorno.
Por esta razão
estamos hoje sete de junho de dois mil e quatorze (07/062014), fazendo o
lançamento da Agenda 21 da Escola Antônio Francisco da Silva, com o tema Bioma
Caatinga – Precisamos Preservar.
O
projeto Agenda 21 da Escola Antônio Francisco da Silva não pretende ser um
modelo padrão, homogêneo, um guia ou manual, mas um desencadeador de processos
para a construção de comunidadesde aprendizagens educativas capazes de
elaborar, participativamente, diagnósticos de desafios, escolha de prioridades
e elaboração de planos de ação para a resolução dos problemas detectados dentro
da realidade escolar, a partir de nosso contexto histórico, geográfico, econômico,
social, cultural e sustentabilidade na Perspectiva de Convivência com o
Semiárido com o tema Caatinga – Precisamos Preservar.
Sugere
as várias fases de desenvolvimento da Agenda 21 na Escola:
ü Como começar?
ü Quem envolver?
ü Que atividades
realizar?
ü Em quais
momentos?
ü Como fazer o
diagnóstico?
ü Como preparar
planos de ação referente aos “sonhos coletivos” da comunidade de aprendizagem educativa?
ü Que escola a
comunidadesonha?
ü Que sonho de
município fertiliza a nossa imaginação e dá vida às nossas esperanças?
ü Que cidadão
precisa ser formado pela nossa comunidade educativa, capaz de transformar
“sonhos” em realidades?
Onde o
acolhimento, o cuidado, a belezae a solidariedade para com a vida sejam os
referenciais éticos norteadores decurrículos, conteúdos e ações pedagógicas!
ÍNDICE
1
- Introdução e contexto em que surge a Agenda 21 na Escola.
2
– Breve Historial da agenda ambiental e o conceito de sustentabilidade.
3
– Agenda 21 na escola do Conceito a Prática.
4
– A importância da Escola
5
– A Agenda 21 na Escola, em pequenas fases:
v Fase da Motivação
v Fase da Reflexão
v Fase Diagnóstica
Diagnóstico
sobre os conteúdos curriculares e métodos de ensino e aprendizagem
Diagnóstico
sobre o espaço onde se ensina e se aprende
v Fase da
Aplicação
v Fase da
Avaliação
1.
Introdução:
Devido
ao importante papel que a escola representa na comunidade local e entorno, é
fundamental envolvê-la no processo de consumo consciente, para, a partir do
processo educativo, propor um conjunto de atividades que eduque, conscientize e
promova a sustentabilidade.
A
atuação do homem no meio ambiente de forma desordenada, já aponta para uma tomada
de consciência sobre o futuro. Portanto a implementação de projetos
educacionais aliados a responsabilidade de educar de maneira mais consistente
para que o aluno incorpore conceitos de cidadania, vivência em grupo e
preocupação com as futuras gerações é bastante oportuno.
Para
a escolha do tema a Escola reuniu a Comunidade Escolar para discutir as
prioridades quanto ao desenvolvimento de um Projeto educacional que pudesse
ampliar os conhecimentos dos alunos com envolvimento da comunidade. O tema escolhido
pela escola foi “A Caatinga ” por tratar-se de um tema condizente com as
necessidades apontadas.
1.1
Um breve historial da Educação Ambiental e
do conceito de
desenvolvimento sustentável
Para
muitas pessoas, mesmo no presente, “desenvolvimento” é ainda sinónimo de “crescimento
económico”. No entanto, o “desenvolvimento” tem obrigatoriamente que integrar
outras perspectivas – tais como o bem-estar social e qualidade ambiental – sob
risco de se exaurir o capital planetário que permite a prosperidade económica.
No limite, se se destruírem os recursos naturais de que dependemos, o
crescimento económico deixa de existir. Por exemplo, sem petróleo, carvão, gás
natural, etc, a sociedade não sabe garantir a energia para a sua atividade
económica; sem solo fértil e água limpa não é possível produzir alimentos e
recursos florestais essenciais à sobrevivência... Ou seja, descurar o ambiente
significa pôr em causa não apenas a prosperidade económica, mas também a
sobrevivência da espécie humana ou, pelo menos, da sociedade ocidental tal como
a conhecemos...
Os
problemas ambientais tornaram-se referências diárias do dia a dia a partir dos
anos 70, com destaque a partir dos anos 80. Foi durante estas décadas que as
calamidades ambientais começaram a dominar as notícias. Imagens e notícias
sobre o acidente nuclear de Chernobyl, a intoxicação de milhares de pessoas por
mercúrio em Minamata, o “buraco” da camada de ozono, as montanhas de lixo, os
alimentos perigosos, os derrames de petróleo ou as chuvas ácidas tornaram-se
conceitos comuns...
Alémdisso
nos anos 70 ocorreram as primeiras crises desenvolvimento onde ambiente,
economia e bem estar social apareçam de mãos dadas. dependentes de um recurso
instável e em vias de extinção. Foi então que, finalmente, a comunidade
internacional decidiu pôr mãos à obra. Assim, mais visivelmente desde 1972, os
governos de todo o planeta têm feito um esforço no sentido de obter dados
realistas e atingir acordos sobre definições, objetivos e planos de ação e
ainda medidas concretas a implementar para atingir um novo tipo de
petrolíferas, que vieram lembrar de forma muito direto o quanto estamos
2
-o contexto em que surge a Agenda 21 na Escola Percurso
da nossa Construção:
Foi
Considerado o conhecimento prévio dos alunos e o que eles desconheciam; foram
trabalhados sobre os seguintes temas da Agenda 21:
a)Cidades
Sustentáveis: gestão urbana (normas de respeito
ao meio ambiente e à comunidade, ordenamento do solo urbano, violência,
segurança e cidadania, qualidade ambiental das cidades); planejamento e
orçamento participativos; modelos para atender as carências em habitação,
saneamento e transporte urbano; migração campo/cidade; impactos da
industrialização e dos serviços, tais como o turismo, lazer, cultura e serviços
modernos derivados das novas tecnologias.
b)Campos
Sustentáveis: gestão dascomunidades e
propriedades rurais. Normas e leis ambientais específicas para o meio rural. O
estímulo e a promoção da participação popular, por meio da educação ambiental
para aformação de uma cultura adequada de manejo dos recursos naturais, e a
efetiva prevençãodos efeitos da seca, visando o controle da desertificação, são
outros elementos exigidos noprocesso de construção e permanência das famílias,
luta pela água, terra, cultura e produção, elaboração dos planos de ação para a
região semiárida do Brasil.
b-1) Agricultura Sustentável: impactos
da passagem de um modelo agrícola químico-mecânico para um modelo baseado
agroecologia e eco/silvicultura; agricultura familiar; reforma agrária e
extensão rural.
c) Infraestrutura e Integração
Regional: transporte, telecomunicações e energia/energia renovável;
descentralização da execução e da gestão dos serviços públicos;
d) Gestão dos Recursos
Naturais: solos; águas; florestas (manejo sustentável e conservação);
biodiversidade (bioproteção, biotecnologia, conservação), fauna (caça e
comércio ilegal); recuperação e proteção de ecossistemas degradados; controle
da poluição ambiental; extrativismo.
e) Redução das Desigualdades
Sociais: formas de combate à pobreza; emprego e mercado de trabalho;
redução das disparidades na distribuição de renda; direitos humanos (indígenas,
crianças e adolescentes, negros e deficientes); universalização da cidadania;
f) Desenvolvimento Científico
e Tecnológico: desenvolvimento de tecnologias apropriadas ao
desenvolvimento sustentável em suas diferentes escalas; ecoeficiência dos
sistemas produtivos; gestão sustentável na indústria, agricultura e serviços (o
papel das normas ISO 14.000 e ISO 9.000 para uma economia sustentável e
competitiva); a pesquisa aplicada às necessidades das comunidades;
A Agenda 21, por traduzir em ações o conceito de desenvolvimento
sustentável, é um conceito-chave no trato de questões importantes relacionadas
ao espaço de vivência e instrumento fundamental para a construção de uma eco/cidadania
referenciada na participação da elaboração e implementação de políticas
públicas sustentáveis em nível local. Neste contesto foi implantado o processo
de elaboração da Agenda 21 das escolas do município. E este desafio para esta
escola seguiu umplanejamento e uma
trilha de pesquisa. Faça do estudo do tópico a construção de subsídios para sua
elaboração, envolvendo parceiros ambientalistas locais e externos, comunidade e
poder público.
[1] Minha Ciranda
Essa ciranda não é minha só
É de todos nós
A melodia principal quem tira
É a primeira voz
É de todos nós
A melodia principal quem tira
É a primeira voz
Pra se dançar ciranda
Juntamosmão com mão
Fazendo uma roda
Cantando essa canção
Juntamosmão com mão
Fazendo uma roda
Cantando essa canção
Fazendo a união
Batendo o pé no chão
v ...AO
ENTRAR NESTA "CIRANDA"...
v As
temáticas refletem as experiências de vida de cada comunidade que compõe a
escola, da sociedade, do território e a busca por um objetivo comum. O
fortalecimento desta busca é tema central, pautado na sustentabilidade da
convivência com o semiárido. A ciranda, assim como a rede da comunidade de vida
do planeta, acolhe a todos numa relação de cooperação.
v Os
participantes podem entrar ou sair na hora que quiserem, mas o círculo se
mantém seguro pelas mãos dadas dos parceiros. O grupo pode aumentar, mas quando
o círculo atinge um tamanho que dificulta a movimentação, forma-se outro no seu
interior.
v A
marcação é executada por pessoas posicionadas no centro do círculo, com seus
instrumentos de percussão. As canções do "mestre-cirandeiro" têm
resposta no coro de todos.
v Ciranda[1]é
uma brincadeira de roda praticada por uma comunidade que não tem preconceito de
etnia, gênero, idade, condição social ou econômica. Também não há limite para o
número de pessoas que queiram participar. Começa com um grupo pequeno que pode
aumentar na marcação dos passos ritmados
TAREFAS GERAIS EM
Encetar um processo de Agenda 21
Elaborar e desenvolver um plano
de ação, hierarquizando os problemas mais urgentes.
Estabelecer objetivos para a
resolução dos problemas.
Estudar alternativas para
solucionar os problemas.
Formalizar um plano de ação, frutosde
discussão e consenso entre os vários membrosda comunidade escolar.
Identificar os problemas
existentes no estabelecimento de ensino ou gerados por este.
Realizar um levantamento dos
diferentes aspectos da vida escolar de forma a identificaros problemas, a sua
origem e localização.
Repensar a filosofia ambiental e
social do estabelecimento de ensino e analisar o seu grau de coerência com a
ação individual e coletiva dos seus membros.
Reavaliar a sua coerência básica
com os princípios da sustentabilidade.
Suscitar o compromisso e a
participação da comunidade educativa.
Orientar o grupo de trabalho
coordenador da Agenda 21 Escolar.
Definir instrumentos para
realizar o seguimento e avaliação das ações com opropósito de as ajustar
posteriormente em função dos objetivos.
Um elemento chave para o êxito de
qualquer iniciativa de A21E é o apoio do máximode membros da comunidade
educativa. Quanto maior fora motivação maior égeralmente a possibilidade de
sucesso de um projeto.
A ideia de envolver a escola
neste processo parte geralmente de um pequeno grupode educadores. Logo, é
fundamental que este grupo promova um conjunto de iniciativas com o objetivo de
sensibilizar e estimular o compromisso e participaçãode outras pessoas ou
grupos da comunidade educativa.
Nesta fase podem organizar-se
alguns eventos geradores de diálogo, que criemoportunidades para expressar
opiniões, para informar ou para dar conhecimentode preocupações. Estes eventos
podem ser dirigidos a toda a comunidade escolarou a grupos específicos.É
fundamental ter consciência que cada escola apresenta especificidades e
pontosde partida diversos. Além disso, as atividades a desenvolver podem
adaptar-sebem a uma realidade educativa e não a outra.
Antes de começar a envolver muita
gente no processo foi fundamental criar umGrupo Coordenador (GC), isto é, uma
pequena equipe executiva que organizou as atividades e garantiu a máxima
coerência e integração do trabalho efetuado. Umadas principais funções do GC é
a de implementarem toda a comunidade escolaruma atitude positiva e construtiva.
Foi esse o percurso que seguimos da conferência da juventude até aqui:
CONSTITUIÇÃO DO GRUPO COORDENADOR
O GC foi constituído pelos
seguintes elementos:
› Os educadores que lançaram o
desafio; Todos os professores da escola e os alunos que compõem o Grêmio
› Alguns líderes de grupo dentro do contexto
escolar (ex: aluno ativo na associação de estudantes, se esta for ativa e os
estudantes realmente se identificarem com estaestrutura); Grêmio Estudantil, as
alunas Ingrid Magalhães Silva,- (Projeto Água), IslaOliveira de Souza (Projeto
Fogo)Raiane Diniz dos Santos (Projeto AR) os ex- alunos: Paulo Hércules Souza Farias (Projeto Terra)Stéfane Souza
Gomes
› Um representante do pessoal não
docente; \\Ana Paula Pereira Santana Santos.
› Um representante da associação
de pais ou organização equivalente; Celso Messias.
› Outros professores ativos;
Edineia Gama de Oliveira, Denise Ferreira Barbosa.
› Um representante do conselho
executivo; Lucas Evangelista Rocha.
› Um
representante do poder local (junta de freguesia ou câmara municipal) e/ou da
administração central se for possível que este elemento seja assíduo e esteja
seriamente dedicado ao projeto;Francisco da Silva.
AS PRIMEIRAS DECISÕES QUE
O GC TEVE QUE TOMAR...
Algumas questões sobre asquais o
GC debruçou-senuma fase inicial:
› Quem seriam os responsáveispor
certas tarefas?
› Quem coordenaria as diferentes
ações: uma pessoa ou uma equipe?
› Como poderia
colaborarespecificamente os váriosgrupos representados?
› Como se articulariam
osprofessores com os alunos,conselho executivo, pessoalnão docente,
famílias,administração central?› Como será partilhada/divulgada a informação
dentro e forado estabelecimento de ensino?
› Qual a regularidade com queo GC
se deve reunir
Percursos didáticos: Para
fundamentar as nossas práticas algumas leituras e métodos foram realizadas
• Leitura de duas
obras de referência que fundamentam a abordagem: MISSÃO TERRA: O resgate do
planeta e PACHA MAMA: Missão Terra 2. Ações para salvar o planeta. É a
Agenda 21 elaborada por crianças
e jovens. Ambas da Editora Melhoramentos.
• Organização de banco de dados sobre
AGENDA 21. Por se tratar de um tema novo, os livros didáticos ainda não
incorporaram o tema ao seu temário de forma satisfatória. Daí, a importância da
construção deste banco de dados. Textos diversos estão disponíveis em páginas
eletrônicas da Internet, os quais catalogamos em um banco de pesquisa virtual.
• Trilhas de pesquisa a partir
das perguntas curiosas levantadas pela turma no momento da apresentação do tema
e diagnose acerca dos saberes e fazeres dos alunos; identificação de interfaces
interdisciplinares; realização do tratamento da informação.
• Participação na elaboração da
Agenda 21 Local. Planejamento de atividades
interdisciplinares; identificação das oportunidades de exercício de
protagonismo com o levantamento de ações para intervenção na realidade sócio
espacial do município.
• Júri Simulado colocando-se
em questão o que é social e economicamente mais vantajoso sob a ótica da
sustentabilidade: as reservas extrativistas ou a pecuária e a soja? O que
estará em jogo é a descoberta, por eles, de que a floresta “de pé” e protegida
é uma fonte quase que inesgotável de bens, inclusive, a biodiversidade;
• Mesa Redonda para
avaliação dos resultados em processo de Educação na Perspectiva da Convivência
com o Semiáridoem nível local, com proposição de ações estratégicas de
planejamento para a divulgação e implantação de políticas sustentáveis de inclusão
social, emprego e geração de renda, moradia, lixo e água, com a participação da
comunidade de aprendizagem na escola;
• Viabilizar Palestrassobre o
Programa Nacional da Biodiversidade e ações estratégicas de combate à
biopirataria em nível local e nacional e a Preservação do bioma caatinga;
visita de estudos a uma comunidade tradicional próxima ao espaço de vivência,
planejando a coleta de dados. O tratamento da informação, que inclui a análise
dos dados coletados, registros diversos, e a organização e produção do
conhecimento escolar. Programação uma atividade de APRESENTAÇÃO DA AGENDA 21 DA
ESCOLA PARA A COMUNIDADE..
• Mapeamento de
cidades sustentáveis em dimensão multiescalar, para organizar legenda criativa.
2.
Agenda 21 na Escola:
Do
conceito à prática
No
processo de mudança rumo à sustentabilidade a comunidade escolar pode e deve
desempenhar um papel exemplar, contribuindo para formar cidadãos cada vez mais
conscientes, capazes de interiorizar conceitos como os de sustentabilidade, ética,
humanismo e colaboração para o bem comum.
Se
as escolas têm um papel fundamental na ajuda à análise e compreensão da realidade,
devido à sua função pedagógica, constituem, em acréscimo, um modelo realista da
comunidade em que é possível testar processos e soluções a uma escala
"laboratorial".
Deste ponto de vista, a escola representa um tubo de ensaio para
a génese de
novas estratégias que permitam materializar os princípios da sustentabilidade e
garantir uma experiência educativa efetivamente marcante e transformadora,
decisiva para a mudança necessária à escala mais lata.
2.1 A
importância da escola
A
escola tem ainda as condições ideais para possibilitar a participação real de todos
os seusmembros, sendo possível debater abertamente os problemas que necessitam de
ser resolvidos, decidir conjuntamente quais são os prioritários e quais as
propostas de ações mais adequadas para os resolver, bem como acompanhar e
monitorizar a sua correspondente execução.
A
implementação da Agenda 21 na Escola pode tornar-se imprescindível também porque
crianças e jovens envolvidos num projeto desta natureza transportarão para
junto das suas famílias o à vontade com processos participativos o que,
pelomenos em parte, servirá para levar os pais a contribuir de igual modo na
construçãode uma comunidade com mais qualidade de vida ao nível local (por
exemplo, emEspinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo
e Vila doConde está em curso a implementação do Futuro Sustentável - Plano
Estratégico de Ambiente do Grande Porto, e na freguesia de Mindelo está em
curso a Agenda
21
Local de Mindelo,, processos nos quais todos os cidadãos são chamados a
participar ativamente).
Deste
ponto de vista, é perfeitamente possível que a escola faça, à sua escala,
umprocesso equiparável e relevante para o que decorre no concelho ou região:
assumir a sua responsabilidade nas questões sócioambientais escolares e
integrá-las na gestão da escola, analisando o seu estado e assumindo
compromissos com ações concretas visando a sua melhoria para, no fundo,
implementar a nossa Agenda 21 Escolar.
1. A Crise Ecológica Atual: Uma breve análise(Fundamentação
Teórica)
Autores contemporâneos (Capra, 1982, 1996; Grün, 1994; Morin,
1995) ressaltam o momento de crise global que ameaça todo o Planeta.
Embora os impactos gerados pela ação humana no meio ambiente
(como, por exemplo, a escassez de recursos naturais, a destruição da camada de
ozônio e o efeito estufa) estejam sendo apontados como aspectos da crise atual,
alguns estudos indicam que sempre houve impacto sobre o meio ambiente
decorrente da ação do homem.
Nesse sentido,
Dörst (1973) adverte que as degradações ambientais provocadas pela sociedade
primitiva tiveram um alcance limitado e incomparável com as resultantes da
civilização industrial, apesar de que “[...] a humanidade já continha em seus
primórdios os germes da destruição, diríamos da autodestruição, que se
desenvolverá dramaticamente durante as fases posteriores da sua historia”
(Dörst, 1973: 29).
Ramade (1979), por sua vez, ao fazer um retrospecto dos
efeitos da ação do Homem sobre o meio ambiente, considera a agressão humana
como “tradicional”. Para ele o impacto da ação do homem sobre a ecosfera
tornou-se verdadeiramente significativo desde o momento da descoberta do fogo,
tendo se acentuado com a revolução do neolítico.
No entanto, segundo Grün (1994), embora o início da crise
ecológica possa ser considerado já no período neolítico, o processo de
globalização da mesma deu-se com o advento da modernidade.
Na mesma linha de raciocínio, Capra (1982: 19) diz que:
As últimas
décadas de nosso século vêm registrando um estado de profunda crise mundial, é
uma crise complexa, multidimensional, cujas facetas afetam todos os aspectos de
nossa vida – a saúde e modo de vida, a qualidade do meio ambiente e das
relações sociais, da economia, tecnológica e política. É uma crise de dimensões
intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem
precedentes em toda historia da humanidade. Pela primeira vez, temos que nos
defrontar com a real ameaça da existência da raça humana e de toda a vida no
planeta.
O nascimento da ciência moderna ficou conhecido como
Revolução Científica, haja visto ter sido marcada por várias descobertas no
âmbito da física, da astronomia e da matemática a partir das quais “[...] a
noção de universo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela noção do
mundo como uma máquina, e a máquina do mundo tornou-se a metáfora dominante da
era moderna”. (Capra, 1996:34), Surgiu, assim, um novo paradigma, o paradigma
mecanicista.
Segundo Grün (1994), dentre os pensadores que contribuíram
para a Revolução Cientifica, destacaram-se: Galileu Galilei (1564-1642),
Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton
(1642-1727). Para ele, o pivô da transformação paradigmática do organismo ao
mecanismo foi Galileu, para o qual apenas as quantidades primárias eram ‘reais’
sendo que estas são as capazes de serem quantificadas e mensuradas e, então,
submetidas a manipulação aritmética, ao passo que a sensibilidade pertence ao
domínio das qualidades secundárias e subjetivas. Oelschlager (apud Grün, 1994:
30) diz que “Galileu já não estava dentro da natureza, mas do lado de fora
dela. Ele havia se tornado um ‘observador científico’. A natureza era agora um
simples objeto de indagação científica.”. humano. Para ele, “O humano, colocado
em posição de subserviência a Deus durante a Idade Média, começa a dar indícios
de insatisfação. É no mundo renascente que vamos encontrar os primeiros
anúncios desta mudança.” (Grün, 1996:24)
O autor ressalta que as idéias renascentistas não ficaram
restritas apenas ao mundo artístico e literário, mas acabaram afetando os
conjuntos de crenças e valores vigentes na época, o que serviu de base para a
configuração e estruturação da filosofia que veio a ser dominante na sociedade
moderna. Ou seja, “É o nascimento da ciência moderna que a arte anuncia um
século antes.” (Grün, 1994: 27).
Bacon, na visão de Grün (1994), tinha como meta a criação de
uma nova cultura onde o homem deveria ser o senhor do seu destino, o que
implicava que ele fosse o mestre e senhor de todas as coisas do mundo. “Assim,
perspectiva baconiana de uma nova cultura carregava em seu bojo um antropocentrismo
radical” (Grün, 1994:32).
Descartes (apud Grün, 1994:34-35) por sua vez enfrentou o
seguinte problema metodológico: “[...]se existe uma unidade da razão, deve
haver algo que ele encontrou para tal
Problema que estava na
razão, ou seja, se a razão é autônoma, a natureza não pode sê-lo, portanto,
deve ser dominada.”(Grün,1994).
Estavam lançadas, assim, as bases para uma nova postura do
homem frente ao meio ambiente, a postura antropocêntrica. Ou seja, na
epistemologia cartesiana, existe um observador que vê a natureza como quem olha
para uma fotografia, existe um “eu” que pensa e uma coisa que é pensada, esta
coisa é o mundo transformado em objeto. O sujeito autônomo esta fora da
natureza, a autonomia da razão pode ser antropocentrismo. Em uma postura
antropocêntrica o homem é considerado o centro e todas as demais coisas no
universo existem única e exclusivamente em função dele. (Grün, 1994:44)
Na mesma linha de raciocino, Soffiati (1987:951) diz que:
Descartes, sobretudo no seu famoso escrito Discurso do
Método, lança as bases da filosofia moderna, [...] Ele se incumbe de proceder a
essa separação drástica, no plano filosófico, de romper o tênue cordão
umbilical que ainda prendia o homem a natureza e de fornecer as bases para que
as sociedades humanas pudessem se sentir autônomas – e mesmo independentes -
com relação ao espaço físico sobre o qual elas se constituem.
Com isso percebe-se que a autonomia do homem diante da
natureza não é possível sem objetificação do mundo natural e nem pode a natureza
ser objetificada a não ser por uma razão autônoma, independente (Grün, 1994).
Portanto, estando a humanidade diante de uma concepção
mecanicista de mundo lançada pela ciência, que conduzia com alguns valores já
emergentes uma sociedade onde o homem, passou sentir-se o senhor e o dono do
mundo além de preparado para investigar e decifrar as leis, bem como explorar
os recursos da natureza, que passou a ser vista como um objeto.
Paralelamente a tais mudanças nas crenças e valores, e
conseqüentemente na postura do homem frente ao meio ambiente, ocorria também
algumas mudanças no contexto sócio econômico. O mercado, que correspondia a uma
minúscula parcela da economia medieval, expandia-se. As fontes de energia que
eram renováveis (potência muscular humana e animal, do sol, do vento e da água)
estavam sendo substituídas por fontes não-renováveis (carvão de pedra, gás e
petróleo), a partir de grandes descobertas no campo da tecnologia (Toffler,
1997).
As mudanças ocorridas no contexto sócio econômico neste
período tiveram como uma das forças propulsoras o liberalismo que também estava
emergindo e se fortalecendo.
Segundo Barreto (1995), há uma pré-condição da existência de
autonomia que é o exercício da liberdade. E, ainda para o autor, a partir do
momento em que o homem começou a questionar e a buscar compreender as leis da
natureza configurou-se um novo período, o liberalismo.
Esse liberalismo alicerçou-se sobre três fundamentos:
O naturalismo, onde o objeto da inteligência humana abandona
como preocupação prioritária a reflexão sobre a natureza de Deus, e passa a
considerar a descoberta e o controle das forças da natureza como prioridade;
O racionalismo, quando o homem passa a utilizar sua
inteligência para compreender o mundo e melhorar sua condição, ou seja, aplicar
a razão na solução de problemas;
O individualismo, que vem a construir-se numa afirmação do
valor maior, que é o indivíduo, diante do Estado. (Barreto, 1995)
Foi a partir do liberalismo que os homens sentiram-se livres
para lutar por seus próprios interesses, sem medo da punição divina, haja visto
que se acreditava que, assim fazendo esses homens estariam contribuindo para o
bem comum.
Ilustra bem esse fato a famosa frase que Adam Smith publicou
em sua obra, A Riqueza das Nações, em 1776: “Não é da benevolência do
açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que devemos esperar nosso jantar, mas
do seu cuidado com o próprio interesse” (Lux, 1993:81).
Segundo Lux (1993), embora Adam Smith tenha defendido o
interesse próprio como um argumento pelos direitos e pelo bem-estar das pessoas
comuns contra a usurpação desses direitos pelo interesse próprio da
aristocracia inglesa da época, cometeu um erro ao considerar que apenas o
interesse próprio de cada indivíduo levaria ao bem comum. De acordo com Lux
(1993), ao considerar apenas o interesse próprio como comportamento humano,
Adam Smith reduz a natureza humana a apenas uma de suas dimensões, a econômica.
Esta valorização da busca pelo interesse próprio serviu de
sustentação para o paradigma de mercado que surgiu e se consolidou na revolução
ocorrida nos séculos XVII e XVIII da história, e a Revolução Industrial (Salm,
1993).
Diante disso naquele período:
[...] toma corpo uma nova sociedade que passa a sedimentar a
expansão comercial, a riqueza material, a divisão do trabalho e a criação de
novas estratégias de produção. O mercado que antes era um local físico passa a
ser um ente psico-sociológico, ordenador das demais esferas da vida humana
associada. [...] No bojo de todas as transformações que então ocorriam
modificava-se, também, a vida na cidade e no campo [...] Rompia-se tradições da
convivialidade, enquanto o surgimento das cercas criava os sem terra filhos de
um tempo de abundância transformados em operários nos incipientes centros fabris,
agora já filhos da escassez do recém instituído paradigma. Nesses centros
tiveram que trabalhar em fábricas que não passavam de galpões improvisados,
fornecendo suas habilidades e seu tear para salvaguarda dos interesses de quem
era o detentor do capital. Toda a humanidade, em apenas uma geração tacitamente
se sujeitou à motivação da ambição econômica e as suas consequências (Salm
1993:22-23).
Assim, configurou-se a sociedade industrial na qual o
trabalho passou a dominar a vida humana, tendo-se tornado a atividade social
mais valorizada quando não a única valorizada (Enriquéz, 1995). As pequenas
organizações produtivas familiares cresceram e tornaram-se indústrias onde os
aprendizes passaram a ser operários assalariados e alguns artesãos tornaram-se
industrialistas.
O paradigma de mercado predominante nesta sociedade
industrial, além do poder de transformação que teve sobre a vida humana
moderna, reforçou uma racionalidade dos negócios ou racionalidade do cálculo,
onde não há espaço para os sentimentos (Salm, 1993). Esta racionalidade, também
denominada de racionalidade instrumental tornou-se predominante nas
organizações modernas.
Racionalidade dos negócios, do cálculo ou instrumental, não
consiste em um determinado tipo de razão, mas sim em uma das dimensões da razão
humana que, por sua vez é única. A outra dimensão da razão humana é a
racionalidade substantiva.
Estas dimensões da razão humana, instrumental e substantiva,
foram definidas por Max Weber (apud Ramos, 1995: 5) da seguinte maneira:
[...] a racionalidade formal e instrumental
(Zweckrationalität) é determinada por uma expectativa de resultados, ou ‘fins
calculados’ (Weber, 1968, p.24). A racionalidade substantiva, ou de valor
(Wertrationalität), é determinada ‘independentemente de suas expectativas de
sucesso’ e não caracteriza nenhuma ação humana interessada na ‘consecução de um
resultado ulterior a ela’ (Weber, 1968, p. 24-45).
Portanto, a aplicação da racionalidade instrumental
desconsidera as variáveis humanas e sociais que não podem ser integradas em
sistemas de equações e inequações, haja visto que a mesma implica sempre em um
cálculo custo/benefício, que se refere tão somente a elementos mensuráveis
(Enriquéz, 1995). “Dito de outra forma, na racionalidade instrumental, tanto é
ocultada a referência social (embora diretamente operante na escolha e na
construção das variáveis) quanto a referência ética.” (Enriquéz, 1995: 11).
Assim, a sociedade moderna usou pela primeira vez na história
o desdobramento de uma racionalização que mudou todos os aspectos da vida
social e econômica seguindo os critérios da razão. Uma razão que foi festejada
no auge do iluminismo como meio da auto-emancipação do homem, foi criticada a
partir da segunda metade do Século XIX como meramente parcial ou, como nos
escritos de Horkheimer e Adorno, como razão instrumental. (Brüseke, 1996: 27).
As críticas feitas ao prevalecimento, na sociedade moderna,
de apenas uma das dimensões da razão humana (a instrumental), justificam-se
devido às várias consequências.
negativas que
decorreram do mesmo. Segundo Brüseke (1996), a aplicação parcial da razão pode
ser intensificada como motor da desestruturação de vastas partes da sociedade
global.
Nesse sentido, Bellesteros (1985) ressalta ser a razão
calculadora um dos fatores que levaram à degradação do nosso ecossistema, sendo
que para ele (Ballesteros,1985:102) “O afã de lucro cada vez maior e a
incapacidade de sentir alguma culpa conduzem a um desenvolvimento tecnológico
que, um cavalo desenfreado cavalga para o precipício, espoleado por um impulso
tanático (impulso para a morte)”.
Portanto, devido à objetificação do meio ambiente, à
concepção de mundo como uma máquina, à postura antropocêntrica adotada pelo
homem e à ênfase dada à dimensão instrumental da racionalidade humana, tem-se
alguns efeitos que têm sido apontados como limitantes para o desenvolvimento da
humanidade e a própria preservação da vida na Terra.
A preocupação com esses efeitos provocou, além de uma busca
por resgatar algumas das dimensões humanas esquecidas no passado
(Chanlat,1993), uma sensibilização e conscientização ecológica em diversos
setores da sociedade contemporânea.
Nesse
sentido, estudos foram desenvolvidos a fim de compreender e buscar soluções
para os problemas sócio-ambientais decorrentes da degradação do meio ambiente
ocasionada pela ação humana sobre o mesmo. Dentre esses estudos destacam-se
aqueles que se voltam para uma proposta de substituição do modelo de
desenvolvimento socioeconômico tradicional dassociedades modernas por um modelo
de desenvolvimento sustentável. 10
Garantia
de políticas educacionais
Construção
do conhecimento com interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade
Aplicação
das leis ligadas à construção de uma educação pública de qualidade
Defesa
incondicional da escola pública, gratuita e de qualidade no Semiárido e no
Brasil.
Respeito
e promoção dos direitos de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos e
Convivência com o Semiárido.
A escola tem a responsabilidade de formar
cidadãos.
O
exercício da cidadania não é inato, deve ser aprendido. E as escolas têm esse
papel de relembrar aos adultos o seu papel numa democracia deliberativa e de
ensinar às crianças e jovens que podem ter uma parte ativa na comunidade. Nas
escolas – em alunos, funcionários e educadores – há um enorme volume de massa
crítica e capacidade de implementação de projetos. Neste momento falta
dinamizar uma verdadeira cultura participativa, o que implica uma aprendizagem
coletiva e deve assentar num forte compromisso dos responsáveis e numa formação
continua de todos. Assentar num forte compromisso dos responsáveis e numa
formação continua de todos.
Bem-vindo
a esta viagem...
Implementação
da Agenda 21 na Escola contribui ativamente para esta aprendizagem e
constituição de cidadãos ativos. E toda a sociedade ganha com isso!
Os
jovens não serão os cidadãos do futuro (como é habitual ouvirmos). São os
cidadãos do presente.
Os
mais jovens estão regra geral mais receptivos, a novas informações e
encontram-se numa fase onde as mudanças de comportamento são mais prováveis. E,
acima de tudo, já são cidadãos e já têm o direito de participar na construção
da sociedade. Os adultos têm uma forte tendência para dizer
“os
jovens são os cidadãos do futuro” mas, essa afirmação ignora o fundamental papel dos
jovens no presente e desresponsabiliza-os na sociedade. Porque não dar-lhes
responsabilidade e trazer alguns objetivos e valores para as suas vidas? A
escola tem de ser pioneira neste conceito.
O mais importante é começar o processo de
implementação da Agenda 21 na Escola. O resultado pode não ser um “Plano de
Sustentabilidade” ideal e as ações a implementar podem não dar frutos
imediatos, mas entretanto já se criaram pontes entre a escola e os pais ou o
poder local e já se praticou um exercício de pedagogia extremamente válido para
a democracia.
A
Agenda 21 na Escola não é mais um projeto: é na verdade o chapéu dos projetos.O
concreto dentro deste projeto. Cada um dará à Agenda 21 na Escola o que estiver
de acordo com as suas competências e motivações. O que é imprescindível é uma
coordenação das atividades.
Para
encerrar, voltamos à frase inicial desta apresentação: para implementar a
Agenda 21 na Escola é necessária uma visão de futuro, um espírito inovador e
empenho pessoal por parte dos educadores. O desenvolvimento da Agenda 21 na
Escola: Questões como começar, quem envolver, que atividades, em que momentos,
como fazer o diagnóstico, como preparar o plano, etc..
Terminamos
dizendo que não foi; não vai ser e nem será tudo fácil! Sabemos que existem várias
barreiras institucionais e logísticas, limitações de tempo e falta de
experiência em processos desta natureza, o dia-a-dia do funcionamento da escola
e muitas outras. Mas estas barreiras existem para ser ultrapassadas! Os resultados
podem não ser os ideais, mas serão decerto extremamente recompensadores... e,
vão no mínimo marcar positivamente um grupo de jovens cidadãos para o seu papel
numa democracia. Só isso já tem um valor incalculável nos dias que correm...
PRINCÍPIOS
DODESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL
Meio
ambiente e a capacidade de carga do ecossistema impõe limites a muitas
atividades humanas e obriga a uma educação para o consumo equilibrado dos
recursos futuro Existe um dever moral de garantir a sobrevivência das gerações
futuras. Qualidade de vida Bem-estar não é só economia: inclui também as dimensões
sociais, culturais, éticas e espirituais, deve optar-se pelo caminho que
oferece mais segurança ao ambiente e ao cidadão, sem esperar pelas provas
científicas finais de relação causa-efeito.
Pensamento
holístico Para resolver um problema de sustentabilidade é necessário que todos
os fatores que afetem o problema se integrem na solução.
Informações
:
A Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento (presidida pela norueguesa
GroBrundtland) publicou um relatório que identifica a necessidadede integrar o
meio ambiente e o desenvolvimento nas políticas nacionais.Aqui nascia o
conceito de desenvolvimento sustentável, que se define como sendoaquele “que
responde às necessidades presentes sem comprometer as possibilidadesdas
gerações futuras responderem às suas próprias necessidades”. O
desenvolvimentosustentável pressupõe assim um progresso capaz de gerar riqueza
econtribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade como um
todo(incluindo o combate às desigualdades sociais e à pobreza) sem pôr em causa
aqualidade do ambiente nem provocar o esgotamento dos recursos naturais,
deforma a assegurar que as gerações futuras tenham um ambiente pelo menos
tãobom (ou tão mau...) quanto o disponível atualmente.
(Conferência
de Estocolmo)
ALGUNS
PRINCÍPIOS DA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
Destacamos
alguns dos princípios que demonstram a importância da participação, do espírito
crítico e força de execução dos jovens e da necessidade de uma atuação local:
PRINCÍPIO
1: Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia
com a natureza.
PRINCÍPIO
10: O melhor modo de tratar das questões ambientais é com a participação de
todos os cidadãos interessados. No plano nacional todas as pessoas deverão ter
um acesso adequado a toda a informação sobre meio ambiente que as autoridades
possuam, assim como deverão ter oportunidade de participar nas decisões que
influenciem o seu dia-a-dia (...).
PRINCÍPIO
21: Deveria mobilizar-se a criatividade, os ideais e o valor dos jovens para
forjar uma aliança mundial orientada para atingir o desenvolvimento sustentável
e assegurar um futuro melhor para todos.
PRINCÍPIO
22: (...) As comunidades locais desempenham um papel fundamental no ordenamento
do meio ambiente e no desenvolvimento devido ao seu profundo conhecimento do
local e das práticas tradicionais.
A
AGENDA 21 E A AGENDA 21 LOCAL
A
“Agenda 21” é porventura um dos documentos mais importantes aprovados na
Cimeira da Terra.
É
um documento que define um conjunto de diretrizes a seguir para alcançar o
desenvolvimento sustentável. Este documento foi aprovado por dezenas de nações,
que representam 98% da população mundial.
O
que a Agenda 21 é:
›
um documento dinâmico a ser aplicado pelos vários atores de acordo com a
situação, capacidades e prioridades dos respectivos países;
›
um instrumento de ação para orientar o desenvolvimento;
›
o reconhecimento de que a sustentabilidade não é uma opção, mas sim uma
necessidade premente (e que é possível);
›
uma proposta de ações a serimplementadas também pelos cidadãos individuais;
›
uma sistematização de medidas concretas e incentivos, para reduzir o impacto ambiental
das nações industrializadas, revitalizar o desenvolvimento nos países em vias de desenvolvimento, eliminar a pobreza e
estabilizar a população mundial.
É
efetivamente uma Agenda para o século XXI, pois contém orientações concretas
para que todos os países, grupos e sectores de atividade contribuam ativamente para
atingir a sustentabilidade durante o século atual.
A
execução efetiva da Agenda 21 exige uma reorientação profunda da sociedade
humana, nomeadamente nas prioridades dos governos e indivíduos e na aplicação
dos recursos humanos e financeiros. Esta mudança exigirá, por um lado, que as
preocupações ambientais sejam integradas na tomada de decisões e, por outro, a
participação ativa dos cidadãos de todo o mundo, quer a nível local, nacional
ou global.
O
capítulo 28 deste documento seminal é dedicado à “Agenda 21 Local” e reconhece
que, sendo as autoridades locais o nível de governação mais próximo do cidadão,
estas terão de assumir um papel vital na criação das condições para formar e
mobilizar os cidadãos para a intervenção ativa. A Agenda 21 Local (A21L)
consiste então num processo participativo através do qual se procura o consenso
entreas autoridades locais e os diversos parceiros da sociedade civil com o
objetivo de preparar e implementar um Plano de Ação de curto, médio e longo
prazo dirigido aos problemas e prioridades locais, no qual se integrem as
preocupações de proteção ambiental, de prosperidade económica e de equidade
social da comunidade. Constitui, além disso, um excelente método para recolher
informações importantes e comprometer os participantes com novos comportamentos.
A probabilidade da ocorrência de mudanças comportamentais, em particular no que
diz respeito às questões ambientais, aumenta se as pessoas forem sistematicamente
sensibilizadas e informadas.
Acontecimento:
Conferência Internacional sobre o Ambiente e Sociedade: “Educação
e
Consciência Pública para a Sustentabilidade” (Thessaloniki, Grécia)
Resultado:
Resultou deste encontro a Declaração de Thessaloniki onde, mais uma
vez,
se destaca que: “a Educação Ambiental deve ser implementada de acordo com
as
orientações de Tbilisi e da sua evolução a partir das questões globais tratadas
na
Agenda 21 e nas grandes conferências da ONU que também abordaram a educação
para
sustentabilidade. Isso permite a referência à educação para o meio
ambiente
e da sustentabilidade”.
Mais
do que uma simples forma de transmitir informações e conhecimentos sobre os
recursos naturais, a Educação Ambiental, embora não constitua a resposta
absoluta para todos os problemas, constitui uma ferramenta indispensável à
construção de novos valores e atitudes voltados para o desenvolvimento de uma
sociedade comprometida com a resolução dos problemas ambientais, proporcionando
condições adequadas de sobrevivência para as gerações presentes e futuras.
A
Convenção de Joanesburgo, como ficou conhecida, gerou dois documentos importantes:
a Declaração Política e o Plano de Ação. O primeiro assume diversos desafios
inter-relacionados e associados ao desenvolvimento sustentável, especificando
vários compromissos gerais como uma melhor participação democrática nas
políticas de desenvolvimento sustentável. O segundo é um documento longo e
denso que identifica várias metas para a educação, a biodiversidade, a erradicação
da pobreza, a alteração de padrões de consumo e de produção e a proteção dos
recursos naturais, entre outros…
Em
síntese...
Nos
anos 70 nasceu o conceito de educação ambiental, nos anos 80 o de
desenvolvimento sustentável. Desde então tem-se trabalhado no sentido de
promover
a
prática e interligação destes conceitos, ao ponto de 2002 ter marcado o início
da década da “Educação para o Desenvolvimento Sustentável”. A educação para a sustentabilidade
passa pelo desenvolvimento de capacidades pessoais de análise, investigação,
avaliação, exercício da criatividade, comunicação, negociação, planificação, cooperação
e execução, mas também pelo fortalecimento damotivação
e
coragem necessárias para a efetiva implementação da mudança. A Agenda 21 na
Escola é um projeto concreto de educação para a sustentabilidade. Para o
Ambiente (1992-2000), que se estabelece pela primeira vez o objetivo de
orientar o desenvolvimento para o respeito e promoção ambientais e em direção à
sustentabilidade. Nesse momento a aposta assentousobretudo na mudança nos padrões
de desenvolvimento, produção, consumo e comportamento. Numa primeira avaliação deste
Quinto Programa, realizada em 1998, verificou-se que se tinham atingido alguns
resultados concretos mas também que os progressos não eram ainda suficientes em
várias áreas. O Sexto Programa de Ação Comunitário em Matéria de Meio Ambiente
foi aprovado a 22 de Julho de 2002 pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da
União Europeia. Este novo programa propõe-se concretizar a componente ambiental
da Estratégia para um Desenvolvimento Sustentável :“Pensar global,agir
local” é o
,2.
Agenda 21 na Escola:do conceito à prática
No
processo de mudança rumo à sustentabilidade a comunidade escolar procura
desempenhar um papel exemplar, contribuindo para formar cidadãos cada vez mais
conscientes, capazes de interiorizar conceitos como os de sustentabilidade, ética,
humanismo e colaboração para o bem comum.
Se
as escolas têm um papel fundamental na ajuda à análise e compreensão da realidade,
devido à sua função pedagógica, constituem, em acréscimo, um modelo realista da
comunidade em que é possível testar processos e soluções a uma escala
"laboratorial".
Deste ponto de vista, a escola representa um tubo de ensaio para a génese de
novas estratégias que permitam materializar os princípios da sustentabilidade e
garantir uma experiência educativa efetivamente marcante e transformadora,
decisiva para a mudança necessária à escala mais lata.
A
escola tem ainda as condições ideais para possibilitar a participação real de todos
os seus membros, sendo possível debater abertamente os problemas que necessitam
de ser resolvidos, decidir conjuntamente quais são os prioritários e quais as propostas
de ações mais adequadas para os resolver, bem como acompanhar e monitorizar a
sua correspondente execução.
A
implementação da Agenda 21 na Escola pode tornar-se imprescindível também porque
crianças e jovens envolvidos num projecto desta natureza transportarão para
junto das suas famílias o à vontade com processos participativos o que, pelo menos
em parte, servirá para levar os pais a contribuir de igual modo na construção de
uma comunidade com mais qualidade de vida ao nível local (por exemplo, em
Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde
está em curso a implementação do Futuro Sustentável - Plano Estratégico
de
Ambiente do Grande Porto, e na freguesia de Mindelo está em curso a Agenda
21
Local de Mindelo, processos nos quais todos os cidadãos são chamados a
participaractivamente).
Deste
ponto de vista, é perfeitamente possível que a escola faça, à sua escala, um
processo
equiparável e relevante para o que decorre no concelho ou região: assumir
a
sua responsabilidade nas questões sócio-ambientais escolares e integrá-las na
gestão
da escola, analisando o seu estado e assumindo compromissos com acções
concretas
visando a sua melhoria para, no fundo, implementar a sua Agenda 21
Escolar.
2.1
A importância da escola
10
A
Agenda 21 na Escola permite que a comunidade escolar estabeleça laços de
cooperação e tenha um impacto
positivo
nas instituições e nas famílias ou seja, nos subsistemas e nos sobressistemas.
De acordo com a teoria dos
sistemas,
“tudo é um sistema”, “ cada sistema faz parte de um ou mais sistemas maiores” e
“a maioria dos sistemas
é
aberta e troca energia”. Assim, se encararmos a escola como um sistema, é
fundamental perspectivá-la como sendo
constituída
por outros sistemas (ex: famílias) e como estando integrada noutros sistemas
(ex: freguesia ou concelho
e
sistema educativo), com os quais troca constantemente energia (e matéria). Não
podemos pois olhar para a escola
como
um sistema isolado!
11
FAMÍLIA
pais,
outros familiares,
amigos
ESTABELECIMENTOS
DE
ENSINO
professores,
alunos,
pessoal
não docente
INSTITUIÇÕES
autarquia,
associações de
moradores,
organizações
não
governamentais
A
Agenda 21 na Escola é uma adaptação dos princípios, definição e objectivos da
Agenda 21 Local, sendo
que
neste caso a comunidade alvo é a escola.
Também
há no entanto a possibilidade de a escola liderar um processo de Agenda 21
virado para a comunidade onde
está
envolvida (bairro, freguesia ou concelho), isto é, mais orientado para o
exterior. Assim, através da mesma
metodologia,
pode organizar sessões de trabalho e reuniões com os pais, líderes da
comunidade e grupos vivos
(Associações
e Serviços de Protecção Civil, entre muitos outros), realizar questionários e
pesquisa sobre a freguesia
ou
o concelho e auxiliar na preparação das bases participativas para um processo
de Agenda 21 Local.
Adaptado
de ‘Guia Per FerL’Agenda 21 Escolar’, Ajuntament de Barcelona
AGENDA
21 LOCAL (A21L)
É
um processo no qual as autoridades locais
trabalham
em conjunto com todos os sectores
da
comunidade para preparar um plano de
acção
que implementa a sustentabilidade a
uma
escala local.
A
autarquia tem um papel fundamental na
promoção
deste processo participativo.
Todos
os cidadãos e entidades representativas
dos
mais variados sectores, além dos
munícipes,
têm a responsabilidade de contribuir
com
as suas experiências, conhecimentos
e
sugestões.
Município
AGENDA
21 ESCOLAR (A21E)
É
um processo em que a comunidade escolar,
ou
parte dela, procura o consenso na preparação
de
um plano Agenda 21 Escparticipação de todos.
Escola
e meio envolvente mais próximo
O
QUÊ?
QUEM?
ONDE?
Partindo
do modelo da Agenda 21 Escolar de Barcelona que servirá como documento
base
para a implementação da Agenda 21 na Escola (A21E), a familiarização dos
estabelecimentos
de ensino para a A21E deve envolver diferentes fases. Mas, como
cada
escola é única, esta também deve definir o seu próprio itinerário e levar à
prática
um programa adequado às suas características e necessidades específicas.
Em
função destas deve programar ações seguindo a ordem que considera mais adequada.
As fases, os seus objetivos e as suas características são as seguintes
(Adaptado
de ‘Guia Per FerL’Agenda 21 Escolar’, Ajuntamento de Barcelona):
2.2
A Agenda 21 na Escola em pequenos passos
Elaborar
e desenvolver um plano de ação, hierarquizando os problemas mais urgentes
e/ou
que sejam mais facilmente solucionáveis.
Estabelecer
objetivos para a resolução dos problemas.
Estudar
alternativas para solucionar os problemas.
Formalizar
um plano de ação, fruto de discussão e consenso entre os vários membros da
comunidade escolar. .Identificar os problemas existentes no estabelecimento de
ensino ou gerados por este.
Realizar
um levantamento dos diferentes aspectos da vida escolar de forma a identificar
os
problemas, a sua origem e localização.
Repensar
a filosofia ambiental e social do estabelecimento de ensino e analisar o seu
grau de coerência com a ação individual e coletiva dos seus membros.
Reavaliar
a sua coerência básica com os princípios da sustentabilidade.
Suscitar
o compromisso e a participação da comunidade educativa.
Orientar
o grupo de trabalho coordenador da Agenda 21 Escolar.
Definir
instrumentos para realizar o seguimento e avaliação das ações com o propósito
de as ajustar posteriormente em função dos objetivos.
Um
elemento chave para o êxito de qualquer iniciativa de A21 E é o apoio do máximo
de membros da comunidade educativa. Quanto maior for a motivação maior é
geralmente a possibilidade de sucesso de um projeto.
A
ideia de envolver a escola neste processo parte geralmente de um pequeno grupo de
educadores. Logo, é fundamental que este grupo promova um conjunto de
iniciativas com o objetivo de sensibilizar e estimular o compromisso e
participação de outras pessoas ou grupos da comunidade educativa.
Nesta
fase podem organizar-se alguns eventos geradores de diálogo, que criem
oportunidades para expressar opiniões, para informar ou para dar conhecimento
de preocupações. Estes eventos podem ser dirigidos a toda a comunidade escolar
ou a grupos específicos.
É
fundamental ter consciência que cada escola apresenta especificidades e pontos de
partida diversos. Além disso, as atividades a desenvolver podem adaptar-se bem
a uma realidade educativa e não a outra.
Antes
de começar a envolver muita gente no processo é fundamental criar um
Grupo
Coordenador (GC), isto é, uma pequena equipe executiva que organize as atividades
e garanta a máxima coerência e integração do trabalho efetuado. Uma das
principais funções do GC é a de implementar em toda a comunidade escolar uma
atitude positiva e construtiva.
É fundamental ter consciência que
cada escola apresenta especificidades e pontos
de partida diversos. Além disso, as
atividades desenvolvidas ea desenvolver podem adaptar-se bem a uma realidade
educativa e não a outra.
Como avaliar
A avaliação formativa acompanha
as aprendizagens, desde a diagnose dos conhecimentos dos alunos à produção do
conhecimento escolar. Sugere-se um documento intitulado Contribuições para a
elaboração da AGENDA 21 do nosso município, que deverá ser encaminhado aos
setores competentes. O banco de itens disponibiliza várias atividades de
verificação das aprendizagens. A auto-avaliação é outro instrumento necessário
ao acompanhamento do processo formador, bem como um valioso instrumento de
compromisso do aluno com seu auto desenvolvimento.